MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE

2024 Versão 1.0

ÍNDICE

CAPÍTULO – 01: INTRODUÇÃO AO MANEJO PRÉ-ABATE…………………………………………………..03

• IMPACTO DAS ETAPAS PRÉ-ABATE………………………………………………………………………………………………..04 • ETAPAS PRÉ-ABATE QUE APRESENTAM IMPACTO NA QUALIDADE DO PRODUTO FINAL………………04 • CONSEQUÊNCIAS DE UM MANEJO PRÉ-ABATE INADEQUADO………………………………………………………05 • RISCOS E CUSTOS PARA O PRODUTOR………………………………………………………………………………………….05 • RISCOS E CUSTOS PARA A BRF………………………………………………………………………………………………………05

CAPÍTULO – 02: O COMPORTAMENTO DO SUÍNO ZONA DE FUGA E PONTO DE EQUILÍBRIO …………………………………………………………………………………………………………………………………………06 • PRESA x PREDADOR ………………………………………………………………………………………………………………………07 • CAMPO DE VISÃO ………………………………………………………………………………………………………………………….08 • COMO FAZER UM SUÍNO SE MOVIMENTAR ……………………………………………………………………………………09 • ZONA DE FUGA………………………………………………………………………………………………………………………………09 • SISTEMA DE PRESSÃO E LIBERAÇÃO……………………………………………………………………………………………..09 • BOLHA DO MANEJADOR ……………………………………………………………………………………………………………….10 • PONTO DE EQUILÍBRIO ………………………………………………………………………………………………………………….11 • UTILIZANDO OS DOIS CONCEITOS PARA CONDUZIR OS ANIMAIS …………………………………………………11 • TESTE SEU CONHECIMENTO………………………………………………………………………………………………………….12

• CONDUÇÃO ADEQUADA DOS ANIMAIS…………………………………………………………………………………………14 • INTERFERÊNCIAS NA CONDUÇÃO DOS SUÍNOS…………………………………………………………………………….14 • PRESENÇA DE OBJETOS NO PERCURSO………………………………………………………………………………………..15 • PORTÕES E CORREDORES BAIXOS OU COM FRESTAS……………………………………………………………………16 • CONTRASTES DE LUMINOSIDADE………………………………………………………………………………………………….17 • PRESENÇA DE CURVAS………………………………………………………………………………………………………………….18 • CORREDORES ESTREITOS……………………………………………………………………………………………………………..18 • CONDUÇÃO DE GRUPOS GRANDES DE ANIMAIS……………………………………………………………………………19

CAPÍTULO – 03: CONDUÇÃO DOS SUÍNOS ……………………………………………………………………….13

CAPÍTULO – 04: LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO …………………………………………………………………………………………………………………………………………20 • LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS……………………………………………………………………………………………21 • RECONHECENDO A LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS PARA UM MANEJO ADEQUADO

………………………………………………………………………………………………………………………………………………………23 • COMPORTAMENTO DE REBANHO OU GRUPO……………………………………………………………………………….24 • COMPORTAMENTO DE REBANHO E O MANEJO…………………………………………………………………………….25 • MOVIMENTAÇÃO FLUIDA DE GRUPO…………………………………………………………………………………………….26 • CONTORNO CIRCULAR………………………………………………………………………………………………………………….27 • COMPORTAMENTO DE GRUPO EMPACADO………………………………………………………………………………….28 • COMO EVITAR QUE UM GRUPO EMPAQUE?………………………………………………………………………………….29

CAPÍTULO – 05: FERRAMENTAS DE MANEJO……………………………………………………………………30

• FERRAMENTAS MAIS UTILIZADAS PARA AUXILIAR NA CONDUÇÃO DOS ANIMAIS………………………..31 • PAINEL SÓLIDO……………………………………………………………………………………………………………………………..32 • CHOCALHOS COM GARRAFAS PET………………………………………………………………………………………………..33 • SACOS PLÁSTICOS OU DE RAÇÃO AMARRADOS…………………………………………………………………………..34 • CORTINAS / LONAS……………………………………………………………………………………………………………………….35 • AR COMPRIMIDO…………………………………………………………………………………………………………………………..36

ÍNDICE – CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO – 06: RAMPAS DE EMBARQUE…………………………………………………………………………37

• ESTRUTURA DA RAMPA………………………………………………………………………………………………………………..38 • ÂNGULO DA RAMPA……………………………………………………………………………………………………………………..39 • LARGURA DA RAMPA…………………………………………………………………………………………………………………….40 • PISOS ANTIDERRAPANTES……………………………………………………………………………………………………………40 • CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DA RAMPA………………………………………………………………………………………..41

CAPÍTULO – 07: ANIMAIS CANSADOS………………………………………………………………………………42

• DEFINIÇÃO……………………………………………………………………………………………………………………………………43 � SINTOMAS……………………………………………………………………………………………………………………………………43 • PARÂMETROS FISIOLÓGICOS……………………………………………………………………………………………………….43 • COMO UM ANIMAL SE TORNA CANSADO…………………………………………………………………………………….44 • COMO EVITAR O APARECIMENTO DE ANIMAIS CANSADOS…………………………………………………………45 • O QUE FAZER QUANDO UM SUÍNO SE TORNA CANSADO?………………………………………………………….47 • MOVIMENTANDO UM SUÍNO CANSADO OU MACHUCADO………………………………………………………….48 • ANIMAIS CANSADOS SE RECUPERAM?………………………………………………………………………………………..48 •

• INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………………………………….50 • DEFINIÇÕES DE PERDAS……………………………………………………………………………………………………………….50 • ÁREA DE ESPERA DE CAMINHÕES………………………………………………………………………………………………..51 • ESTRUTURA DA ÁREA DE DESEMBARQUE……………………………………………………………………………………52 � PROCESSO DE DESEMBARQUE – ANIMAIS NORMAIS / SAUDÁVEIS………………………………………………53 � MANEJO DE ANIMAIS COM DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO………………………………………………………54 � MANEJO DE ANIMAIS QUE CHEGAM MORTOS AO FRIGORÍFICO…………………………………………………..55 • CONDUÇÃO PARA BAIAS DE DESCANSO……………………………………………………………………………………..55 • BAIAS DE DESCANSO…………………………………………………………………………………………………………………..56 • CONDUÇÃO DAS BAIAS DE ESPERA PARA A INSENSIBILIZAÇÃO…………………………………………………58 • USO DO BASTÃO ELÉTRICO…………………………………………………………………………………………………………59 • TREINAMENTO DE PESSOAS………………………………………………………………………………………………………..60

CAPÍTULO – 08: RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO NO FRIGORÍFICO…………..49

1INTRODUÇÃO

AO MANEJO

PRÉ-ABATE

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

3

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — INTRODUÇÃO AO MANEJO PRÉ-ABATE

IMPACTO DAS ETAPAS PRÉ-ABATE

As 24 horas que antecedem o abate são de extrema importância para a cadeia de carne suína, pois impactam no bem-estar animal, na qualidade da carne e nos rendimentos da indústria.

As perdas relacionadas às etapas pré-abate incluem mortes, animais cansados ou ante mortem, hematomas em carcaças e diminuição da qualidade da carne. Há correlação direta ante-mortem e a qualidade da carcaça.

Estima-se que nos EUA o custo das perdas no transporte envolvendo animais mortos, cansados ou injuriados seja de, aproximadamente, 100 milhões de dólares anuais.1

ANIMAIS CANSADOS HEMATOMAS

MORTES

DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DA CARNE

PSE NORMAL

DESVIOS POR ESTÔMAGO CHEIO

ETAPAS PRÉ-ABATE QUE APRESENTAM IMPACTO NA QUALIDADE DO PRODUTO FINAL:

  • Jejum
  • Embarque
  • Transporte (densidade)
  • Tempo do caminhão no pátio

• Desembarque
• Descanso na pocilga • Movimentação final • Insensibilização

4

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — INTRODUÇÃO AO MANEJO PRÉ-ABATE

CONSEQUÊNCIAS DE UM MANEJO PRÉ-ABATE INADEQUADO

RISCOS E CUSTOS PARA O PRODUTOR

  • Gasto de tempo excessivo no embarque dos animais no caminhão;
  • Mortalidade durante o embarque dificultando o restante do embarque;
  • Risco de animais machucados;
  • Risco de segurança dos operadores.

RISCOS E CUSTOS PARA A BRF

  • Custos para eliminar os animais que vieram a óbito durante o transporte ou na pocilga;
  • Aumento de custos com mão de obra/hora para mover animais cansados ou machucados;
  • Atrasos no descarregamento, o que pode levar a atrasos e até cancelamentos no abate;
  • Descarte de porções cárneas devido a hematomas;
  • Maior risco da incidência de defeitos de qualidade da carne (carne PSE ou DFD);
  • Reprovação em auditorias de bem- estar animal, perda de mercados e clientes, penalizaçõoes do SIF;
  • Percepção pública errônea sobre a cadeia produtiva, prejuízo a reputação da marca e ao mercacdo.

5

2O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

ZONA DE FUGA E PONTO DE EQUILÍBRIO

6

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

PRESA x PREDADOR

A posição dos olhos em um animal fornece um indicativo do comportamento do mesmo. A grande maioria dos predadores apresentam os olhos centralizados no crânio. Esse posicionamento fornece ao animal um grau maior de visão binocular, isto é, quando os olhos estão focando em um objeto, há a percepção de profundidade, permitindo o animal perseguir a caça até alcançá-la. Isso é uma vantagem no momento do ataque e é um importante elemento na sobrevivência do predador.2

Bovinos, equinos e suínos são considerados presas na natureza e apresentam seu olhos posicionados mais laterais no crânio. Essa posição limita a visão binocular, mas aumenta o ângulo de visão periférica do animal. Com a visão monocular, cada olho tem uma visão de praticamente 180°. Assim, ao utilizar ambos os olhos de forma monocular esses animais obtém um campo de visão de, aproximadamente, 360°. Esse campo de visão permite esses animais perceberem predadores ao seu redor facilmente.2

Observe nas fotos abaixo a diferença entre a posição dos olhos de predadores (linha superior) e presas (linha inferior):

Fotos: Stock Fotos, Banco de Fotos Elanco, Isis Pasian

7

M O N

O C

O

U L A

U

I S Ã

R

V

V
I

S

O

G A

50o
B
I
N

30o

C E

R E A

O
C
U

L
A
R

R

V
I
S

L
A


O

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO CAMPO DE VISÃO

O suíno, por apresentar o comportamento de presa consegue enxergar oportunidades de fuga que muitas vezes não são consideradas, como pequenas frestas em portões ou mesmo por entre as pernas de uma pessoa. Por isso, a tábua de manejo sólida é considerada uma importante ferramenta para auxiliar na movimentação dos animais no corredor, pois ela impede que o animal enxergue uma oportunidade de saída.3

O
C

M
O
N

Suínos possuem um ângulo de visão de 310°, permitindo que eles vejam atrás deles sem precisar mover a cabeça. Por conseguirem visualizar diversas movimentações simultaneamente, são facilmente distraídos por perturbações ao seu redor. No entanto, devido à dificuldade de enxergar com precisão, costumam parar quando há contraste de luz, coloração ou textura em uma superfície. Além disso, devido ao comportamento de presa, quando percebem uma chance de saída é provável que eles tentem escapar por ela.4

POSIONAMENTO DENTRO X POSICIONAMENTO
DO CAMPO VISUAL DO SUÍNO NO PONTO CEGO DO SUÍNO

Deve-se evitar o posicionamento na área cega do animal, pois o mesmo não responderá aos comandos, além de poder se assustar quando a pessoa voltar a entrar em seu campo de visão.

8

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

COMO FAZER UM SUÍNO SE MOVIMENTAR

O objetivo primário de quem maneja os suínos deve ser de minimizar o medo dos animais incentivando-os a se deslocarem ao local desejado. Para isso, é necessário que se compreenda zona de fuga e se aprenda a utilizar o ponto de equilíbrio do animal.

ZONA DE FUGA

Esta zona compreende o espaço no qual o animal se sente seguro, isto é, ele sempre busca ter essa região livre da presença de ameaças. Logo, a entrada de um indivíduo nessa área faz o suíno se afastar até reestabelecer uma distância segura.5

A zona de fuga é dinâmica variando entre animais e diferentes situações.

O limite / borda da zona de fuga é o melhor local para se posicionar de forma que o suíno se mova na direção que você deseja. Ao adentrar muito na zona de fuga, coloca-se uma pressão de movimento maior no animal levando muitas vezes a respostas mais abruptas e imprevisíveis.

SISTEMA DE PRESSÃO E LIBERAÇÃO

A chave para manter os suínos calmos é usar o “sistema de pressão e liberação”: penetrar na zona de fuga dos suínos de maneira suave e não ameaçadora e liberar a pressão assim que os suínos se moverem 13

COMO UTILIZAR

Cuidadores usam a borda da zona de fuga para iniciar ou parar o movimento dos animais.

LIMITE DA ZONA DE FUGA

ZONA DE FUGA

PRESSÃO

SUÍNO
DE MOVIMENTA PARA LONGE DO CUIDADOR

PRESSÃO REMOVIDA

SUÍNO PARA O SEU MOVIMENTO

9

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

PARA REDUZIR A PRESSÃO NA ZONA DE FUGA.

  • Pare e deixe os suínos se afastarem de você.
  • Dê um passo para trás e não faça contato físico com os animais.
  • Permita que os animais passem por você contornando a “bolha do manejador”.
  • Pare de fazer barulho.
  • Direcione o seu olhar para longe do suíno.

Os cuidadores precisam reconhecer os comportamentos dos animais e liberar a pressão da zona de fuga para permitir que os suínos se acalmem e permaneçam responsivos aos cuidadores.

BOLHA DO MANEJADOR

A junção das zonas de fuga individuais de cada animal formam a “bolha do manejador”. É um espaço ao redor do manejador em que os animais não se sentem seguros em entrar.

10

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio é o ponto imaginário do animal que definirá se ele irá avançar ou recuar quando perturbado (por exemplo por ter alguém dentro da zona de fuga). Os suínos podem ser movimentados simplesmente com a utilização do ponto de equilíbrio.

Para fazer o animal se movimentar para frente: a pessoa deve estar atrás do ponto de equilíbrio.

Para fazer o animal se movimentar para trás: a pessoa deve estar à frente do ponto de equilíbrio.

No suíno o ponto de equilíbrio fica na altura da paleta (escápula).

UTILIZANDO OS DOIS CONCEITOS PARA

CONDUZIR OS ANIMAIS

Quando se adentra a zona de fuga do animal, ele terá uma reação de afastamento. A direção tomada pelo animal para efetuar esse distanciamento é definida pela posição da pessoa que o conduz. Caso o indivíduo esteja posicionado em frente ao ponto de equilíbrio, o animal recuará, se estiver posicionado atrás do ponto de equilíbrio, o animal se deslocará para frente até reestabelecer uma distância segura.5

ÁREA CEGA

B

A

POSIÇÃO DE INICIAR O MOVIMENTO

Figura adaptada
de Grandin & Deesing, 2008.

PONTO DE EQUILÍBRIO

LIMITE DE ZONA DE FUGA

POSIÇÃO DE PARAR O MOVIMENTO

11

4 5 o

9
0
o

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — O COMPORTAMENTO DO SUÍNO

AB

Utilizando esses conceitos, descubra em que direção o suíno irá se movimentar nos exemplos abaixo:

1. 2.

AB AB

TESTE SEU CONHECIME

A

B

O

NT

AB

3.

AB

AB

AB

AB

Resposta 1: O animal irá recuar (opção A) porque a pessoa entrou na zona de fuga a frente do ponto de equilíbrio. O animal recuará até que a pessoa não esteja mais dentro da sua zona de fuga.
Resposta 2: O animal avançará (opção B) porque a pessoa entrou na zona de fuga atrás do ponto de equilíbrio. O animal avançará até que a pessoa esteja fora da zona de fuga.

Resposta 3: O animal avançará (opção B) porque embora a pessoa estivesse inicialmente posicionada antes do ponto de equilíbrio ela entrou na zona de fuga depois do ponto de equilíbrio. O animal irá avançar até que a pessoa não esteja mais dentro da zona de fuga.

12

C3ONDUÇÃO

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

DOS SUÍNOS

13

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

CONDUÇÃO ADEQUADA DOS ANIMAIS

Quando se aplicam os conhecimentos do comportamento dos suínos e as ferramentas corretas de manejo, os animais permanecem tranquilos e os operadores não se cansam excessivamente.

Uma condução calma e adequada traz benefícios tanto para os animais quanto para os operadores. É mais facil e seguro lidar com suínos calmos. Quando os suínos estão agitados e com medo eles são mais difíceis de serem movimentados, podendo até ocasionar acidentes com os manejadores.

INTERFERÊNCIAS NA CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

A forma de se obter a movimentação de um animal é tornando o local de destino mais atrativo que o espaço onde ele se encontra6. Suínos são motivados por diversos fatores, incluindo curiosidade natural, odores, sons de outros suínos, comida e medo7.

Os suínos, normalmente, têm precaução em novos lugares e se deslocam mais rápido se movimentados regularmente. Além disso, são facilmente distraídos por fatores como mudança de textura de piso (concreto para madeira, por exemplo), obstáculos no trajeto, objetos em movimento, poças de água no meio do corredor, etc.

Existem algumas distrações que afetam a velocidade de movimentação que ocorrem com frequência no manejo pré-abate. Na página a seguir estão listadas algumas situações que dificultam a condução dos suínos e também sugestões de como tornar o manejo mais eficiente.

DICA:

Antes de embarcar o primeiro suíno, percorra o trajeto dos animais observando se existem objetos no chão e corredores, contrastes fortes de luz, poças de água ou qualquer outro fator que possa interferir a movimentação.

14

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

PRESENÇA
DE OBJETOS NO PERCURSO

Mangueiras, seringas, garrafas plásticas, cordas, sacos plásticos, lonas entre outros causam distrações e diminuirão a velocidade de movimentação dos suínos.

X

FIGURA 2: MANGUEIRA NO CHÃO DURANTE CARREGAMENTO: X HÁ UM ANIMAL MORDENDO E OUTRO PULANDO O OBJETO DIMINUINDO A VELOCIDADE DE MOVIMENTAÇÃO.

X

FIGURA 3: BURACO, CONTRASTE DE LUMINOSADADE E PRESENÇA DE ÁGUA NO CORREDOR CAUSARÃO DISTRAÇÕES.

FIGURA 1: GARRAFA, TÁBUA E MANGUEIRA NO CORREDOR.

FIGURA 4: POÇA D’ÁGUA E PRESENÇA DE X MANGUEIRA NO CORREDOR

FIGURA 5: CORREDOR SEM OBSTÁCULOS OU DISTRAÇÕES

15

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian Foto: Isis Pasian

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

PORTÕES
E CORREDORES BAIXOS OU COM FRESTAS

Em virtude dos suínos se distraírem
facilmente, deve-se evitar a possibilidade X de visualização de áreas que não estão
relacionadas ao caminho a ser percorrido.

Assim, paredes dos corredores e portões devem ser sólidos a fim de impossibilitar que os suínos percebam movimentações ao seu redor e realizem interações com outros animais.

Caso não seja possível cobrir todas as portas de baias, deve-se dar prioridade as mais próximas da rampa e/ou saída do galpão.

FIGURA 7: PORTAS DE BAIA VAZADA: OS ANIMAIS PARAM PARA INVESTIGAR OUTROS SUÍNOS.

X

FIGURA 6: SUÍNO OLHANDO SOBRE A PAREDE DE UMA RAMPX

FIGURA 9: CORREDOR COM PAREDES E PORTAS SÓLIDAS E DE ALTURA ADEQUADA. A ILUMINAÇÃO É UNIFORME E NÃO EXISTEM OBJETOS NO CAMINHO.

AS PAREDES DEVEM POSSUIR A ALTURA MÍNIMA DE 80 CM PARA EVITAR DISTRAÇÕES E QUEDAS.

A:

FIGURA 8: PORTÕES VAZADOS NA SAÍDA DE GALPÃO.

16

LEMBRE-SE:

Sempre que o suíno for distraído ou interagir com outros animais a velocidade de movimentação será drasticamente reduzida.

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian Foto: Isis Pasian

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

CONTRASTES
DE LUMINOSIDADE

Os suínos tendem a ir de uma região de baixa para uma de alta luminosidade10. No entanto, deve-se atentar para direção da luz, pois uma luz forte em direção aos animais pode dificultar a visão deles e causar “paradas”8.

FIGURA 10: ILUMINAÇÃO FORTE DENTRO DO CAMINHÃO NA X DIREÇÃO DOS ANIMAIS PODE OFUSCAR A VISÃO E DIFICULTAR
O EMBARQUE.

FIGURA 12: CONTRASTE FORTE DE LUZ EM UMA RAMPA DE INSENSIBILIZAÇÃO ONDE A ÁREA QUE O ANIMAL DEVE IR É MUITO ESCURA. ESSA SITUAÇÃO TORNA A MOVIMENTAÇÃO DOS SUÍNOS MUITO DIFÍCIL.

X

FIGURA 11: SUÍNO INVESTIGANDO ÁREA DE CONTRASTE DE LUXZ DURANTE UM EMBARQUE.

X

FIGURA 13: GALPÃO COM UMA PARTE DA TRAJETÓRIA COM ILUMINAÇÃO SOLAR DIRETA. ESSE CONTRASTE DE LUZ PODE FAZER OS ANIMAIS PARAREM NESSE PONTO DO CORREDOR DURANTE O MANEJO DE EMBARQUE.

X

FIGURA 14: LÂMPADAS SUJAS TORNAM A ILUMINAÇÃO PLANEJADA INSUFICIENTE.

17

Foto: Isis Pasian

Foto: Victor Moreira

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS PRESENÇA DE CURVAS

Em um estudo, foi constatado que a presença de uma curva com um ângulo de 45° diminuía para velocidade de movimentação dos suínos em 10%, curvas com 90° diminuíam a velocidade em 19% e curvas com 180o diminuíam a velocidade em 44%11.

Para evitar diminuições na velocidade de movimentação dos animais deve-se procurar eliminar ao máximo a presença de ângulos retos, comuns nas instalações suinícolas. Para isso pode-se posicionar uma tábua nesses locais para o caminho ter curvaturas mais suaves.

MÁX.

Redução na velocidade de 19%

180°

Redução na velocidade de 10%

MÍN.

90°

MÍN.

MÍN.

Redução na velocidade de 44%

MÁX.

MÁX.

45°

Velocidade normal do suíno

CORREDORES ESTREITOS

Suínos costumam se movimentar melhor lado a lado do quem em fila única. Por isso, o ideal é que a largura dos corredores comporte a movimentação de ao menos dois animais em

X

paralelo8.

MÍN.

MÁX.

A B

18

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — CONDUÇÃO DOS SUÍNOS

CONDUÇÃO DE GRUPOS GRANDES DE ANIMAIS

A movimentação de grupos pequenos, representada na situação A, é mais rápida do que grupos grandes9. Isso ocorre porque em grupos grandes é difícil conseguir ter ação sobre o determinado animal que está bloqueando a passagem dos outros (situação B na figura). O tamanho ideal de um grupo para condução dos suínos é aquele que a pessoa que maneja os animais consegue ter acesso a todos os indivíduos do grupo.

A BX

IMPORTANTE

Os animais devem ser conduzidos calmamente, sem que o manejo provoque qualquer tipo de sofrimento e/ou dor.

É estritamente proibida qualquer prática de abuso nesta operação, incluindo:

  • Bater, chutar, pisar, torcer orelha ou rabo;
  • Tocar nas partes sensíveis dos animais (olhos, orelha, nariz, genitais, ânus);
  • Içar ou transportar os animais pela cabeça, orelhas, rabo, pele ou membros.

    Animais que não conseguem caminhar sozinhos ou estejam sem condições de embarque não devem ser colocados no caminhão e devem passar pelo procedimento de abate de emergência.

19

L4INGUAGEM
CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO

Isis Pasian

DE GRUPO

20

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS

Para movimentar os suínos de forma eficaz, os manejadores devem reconhecer em que os animais estão prestando atenção com os seus sentidos e ler sua linguagem corporal.

Os suínos permanecem parados e usam a audição para rastrear pessoas fora do seu campo de visão ou em seu ponto cego.

Os suínos procuram constantantemente ameaças potenciais ou fonte de pressão na zona de fuga e tentarão ativamente manter os manejadores fora do seu ponto cego.

21

Um suíno depende de seus sentidos de visão, audição e olfato para se situar em seu ambiente.

Esses sentidos se complementam e os manejadores precisam estar cientes disso para entender melhor os suínos sob sua responsabilidade.

Foto: Elanco Pig Academy

Os suínos expressam suas intenções e emoções por meio da linguagem corporal. Podemos identificar sinais de medo e estresse por alterações na postura da cabeça, expressão ocular, movimentos das orelhas, vocalizações e movimentos corporais.

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

SUÍNOS QUE FORAM EXPOSTOS A EXPERIÊNCIAS DE MANEJO AGRADÁVEIS, FICAM MAIS RELAXADOS PERTO DAS PESSOAS E GERALMENTE SÃO
MAIS FÁCEIS DE SE MOVIMENTAR.

SUÍNOS QUE SÃO REPETIDAMENTE EXPOSTOS A MANEJO AGRESSIVO OU ABUSO MOSTRARÃO SINAIS DE MEDO NA PRESENÇA DE HUMANOS.

OBSERVAR COMO OS SUÍNOS REAGEM AOS CUIDADORES OU A OUTRAS PESSOAS PODE DAR UMA INDICAÇÃO IMPORTANTE DE COMO ESTÃO SENDO TRATADOS.

Suínos são naturalmente curiosos, mas cautelosos.

22

O comportamento dos suínos é um reflexo da interações anteriores com seus manejadores e a existência de instalações adequadas.

RECOMENDADO

Foto: Elanco Pig Academy

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

RECONHECENDO A LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS PARA UM MANEJO ADEQUADO

CALMO
MEDO OU ATITUDE DEFENSIVA LEVE MEDO OU ATITUDE DEFENSIVA AUMENTADA MEDO E ATITUDE DEFENSIVA EXTREMOS

Um bom manejador sabe reconhecer os estados atenção dos suínos, desde um animal calmo a um com medo extremo e ajustará suas ações de manejo de acordo.

CALMO

  • Mantém a cabeça e as orelhas

    baixas; corpo está relaxado.

  • Move-se caminhando ou

    trotando, ou exibe explosões exuberantes se estiver animado, mas não assustado.

  • A atenção não está fortemente

    focada no manejador.

  • Pode ter vocalizações com

    timbre grave.

MEDO OU ATITUDE DEFENSIVA LEVE

• Cabeças e orelhas levantadas.

• Afasta-se, mas com atenção crescente ao

cuidador.

• Tem uma zona de fuga expandida.

• Possível breve aumento na velocidade.

• Vai se acalmar se a pressão for

liberada.

• Ficará mais medroso ou

defensivo se o nível de pressão for mantido ou aumentado.

MEDO OU ATITUDE DEFENSIVA AUMENTADA

• Toda a atenção está no

manejador.

• Irá parar, recuar, voltar ou tentar

passar pelo cuidador porque seus esforços para se afastar não estão funcionando.

• Recusa a se mover (não

confundir com suíno cansado, que apresentará também outros sintomas).

• Forte tendência agrupar-se e

empacar quando no grupo.

• Vai se acalmar depois de um

tempo se a pressão for liberada.

• Se a pressão for mantida ou

aumentada, o porco ficará com medo extremo.

• Vocalizações agudas estão

presentes.

MEDO E ATITUDE DEFENSIVA EXTREMOS

• Animal em pânico.

• Disposto a correr por baixo, por

cima ou através de cuidadores e obstáculos.

• Recusa a se mover.

• Comportamento muito forte de

agrupar-se e empacar quando no grupo. Os animais são difíceis de separar ou controlar.

• Apresenta sintomas graves

de estresse que podem levar à morte.

• As vocalizações são agudas.

23

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

COMPORTAMENTO DE REBANHO OU GRUPO

Os suínos são normalmente manejados em grupos e apresentam determinados comportamentos de rebanho, que podem assumir três formas distintas28:

  • MOVIMENTAÇÃO FLUÍDA DE GRUPO – o grupo está se movendo. Os animais se locomovem para permanecer com o seu rebanho;
  • GRUPO EMPACADO – o rebanho está parado. Os animais param de se mover e se agrupam para permanecer com o seu rebanho;
  • CONTORNO CIRCULAR – os animais contornam o manejador para evitar a pressão na suas respectivas zonas de fuga.

Nível de medo

MOVIMENTAÇÃO PROTEÇÃO

COMPORTAMENTO DE REBANHO

Movimentação

24

Comportamento de rebanho dos suínos:

Os suinos ficarão próximo a outros suínos para proteção.
O nível de medo e o espaço disponível afetarão o comportamento de movimentação dos suínos.

Foto: Elanco Pig Academy

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

COMPORTAMENTO DE REBANHO E O MANEJO:

MOVIMENTAÇÃO FLUÍDA DE GRUPO
Comportamento natural dos suínos se movimentarem em conjunto e com animais

líderes a frente do movimento do grupo.

RECOMENDADO Suínos fazem um movimento de contorno circular ao redor da “bolha do manejador”

RECOMENDADO

GRUPO EMPACADO

Respostas defensivas que interrompem o movimento ou desencorajam os suínos a retomar o movimento, o que pode tornar o processo de embarque muito difícil, frustrante e estressante para todos.

para diminuir a pressão na zona de fuga.

CONTORNO CIRCULAR

25

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

MOVIMENTAÇÃO FLUIDA DE GRUPO

O manejador deve se movimentar juntamente ao fluxo dos animais, não forçar que eles se movimentem demasiadamente rápido.

  • Há espaço entre os animais. Não são obrigados a encostarem uns nos outros.
  • Tempo suficiente. Animais caminhando em sua velocidade normal.
  • Atenção do animal está em se movimentar e permanecer junto ao grupo.
  • Os animais se sentem seguros.

    Resposta calma dos animais

    O movimento dos animais vindos de trás do grupo faz com que os animais da frente continuem avançando.

O movimento dos animais da frente atrai o resto do grupo para se juntar e seguir.

26

RECOMENDADO

Foto: Elanco Pig Academy

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

CONTORNO CIRCULAR

Os manejadores podem trabalhar com o comportamento de contorno circular para separar animais na baia, iniciar ou acelerar o movimento, desviar a atenção dos suínos do cuidador para o fluxo do rebanho, mover os suínos através de barreiras e afunilar o movimento para evitar paradas e aglomerações nos corredores.

RECOMENDADO
Distância segura do manejador

Resposta defensiva

27

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

COMPORTAMENTO DE GRUPO EMPACADO

Um grupo de suínos empaca porque se um animal para os outros tendem a parar. É importante identificar o que levou os primeiros animais a pararem.

QUANDO UM GRUPO EMPACA

  • Os animais viram na direção contrária ao desejado e podem tentar subir uns sobre os outros gerando lesões;
  • Normalmente os suínos preferem ficar aglomerados do que sair do grupo para se afastar do manejador;
  • Atrasa o embarque, pois os animais estão parados, aglomerados, assustados e confusos.

OS SUÍNOS PRECISAM QUE O MANEJADOR DIMINUA A PRESSÃO NA ZONA DE FUGA PARA SAIR DO GRUPO E SE MOVIMENTAREM.

O AUMENTO DE PRESSÃO E AGRESSIVIDADE EM DIREÇÃO AOS ANIMAIS FARÁ COM QUE OS ANIMAIS DO GRUPO EMPAQUE OU SE AMONTOE
DE FORMA CADA VEZ MAIS INTENSA.

Atenção aos sinais iniciais

Suínos levantando cabeças e orelhas juntamente com aglomeração dentro do grupo.

28

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — LINGUAGEM CORPORAL DOS SUÍNOS E COMPORTAMENTO DE GRUPO

COMO EVITAR QUE UM GRUPO EMPAQUE?

  • Evite distrações (discutidas no capítulo 3 desse manual);
  • “Leia” os sinais corporais dos animais e adapte o seu manejo;
  • Caminhe pelas baias diariamente para que os suínos se acostumarem com interações humanas positivas e sejam treinados para se levantarem silenciosamente e se afastarem calmamente dos cuidadores;
  • As pessoas que não estejam ativamente envolvidas no embarque devem permanecer quietas e fora do campo de visão dos animais;
  • No corredor conduza grupos pequenos (3 a 6 animais);
  • Movimente os animais no ritmo deles. Animais que correm apresentam mais chance de ficarem cansados e a pararem no corredor, levando outros animais a fazerem o mesmo.

29

5FERRAMENTAS

DE MANEJO

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

30

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eto da cortina

Uso correto da cortina

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO FERRAMENTAS DE MANEJO

Além da utilização do ponto de equilíbrio e da zona de fuga (abordados no capítulo 2 desse material) existem ferramentas que auxiliam na condução dos animais, permitindo que se locomovam de maneira mais fácil e tranquila.

Existem várias adaptações criativas dessas ferramentas que podem torná-las mais baratas.

FERRAMENTAS MAIS UTILIZADAS PARA AUXILIAR NA CONDUÇÃO DOS ANIMAIS:

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m

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A

SACOS AMARRADOS

r s

PAINEL DE LONA

CORTINAS

PAINEL SÓLIDO OU TÁBUA DE MANEJO

BANDEIRA

CHOCALHOS

“MACARRÃO DE PISCINA”

“REMOS”

AR COMPRIMIDO

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31

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MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO PAINEL SÓLIDO

Melhor utensílio para o manejo em corredores, pois é uma barreira tanto visual como física. Impede que o animal identifique alguma oportunidade de fuga, diminuindo a ocorrência de mudanças de direção e retornos no corredor12.

X

ERRADO: ANIMAL TENTANDO RETORNAR DEVIDO À PERCEPÇÃO DE OPORTUNIDADES DE FUGA.

CORRETO: ANIMAIS SE DESLOCANDO CORRETAMENTE COM O USO DA TÁBUA DE MANEJO.

Utilize o painel para bloquear o caminho que você não quer que o suíno vá. Essa ferramenta

Procedimento incorreto

deve ser utilizada para guiar a visão do animal e, consequentemente, o deslocamento do seu

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Procedimento correto Procedimento correto

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gerar acidentes.

el sólido para empurrar os suínos, pois além de não ser efetivo pode

Chances de Fuga

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Sempre apoie o painel no chão, nunca sobre os pés. Quando o painel está apoiado sobre os pés existe uma fresta que o animal pode interpretar como um local de possível fuga, ocasionando acidentes.

DICA
PRODUÇÃO DE UM PAINEL SÓLIDO

  1. Utilize materiais leves. Não esqueça que você carregará o painel ao longo de todo o corredor do galpão.
  2. O painel deve ser completamente sólido. Não deixe frestas, pois os animais podem considerá-las como oportunidades de fugas.
  3. Tenha certeza que não há nenhum prego saliente, pois estes podem provocar lesões nos animais e condutores.
  4. O painel deve ter entre 1,0 e 1,2m de altura. A largura deve ser calculada para cada granja, considerando 10cm a menos que a largura dos corredores. Um painel muito “justo” poderá travar durante o percurso nos corredores e um muito “folgado” permite que o animal veja possibilidade de fuga e não será tão efetivo.

5. Faça dois espaços na parte superior do painel de, aproximadamente, 15cm de largura cada. Essas aberturas funcionarão como alças de suporte do material.

X ERRADO

CERTO

32

P

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO

CHOCALHOS COM GARRAFAS PET

Essa é uma ferramenta leve, barata e fácil de produzir. Além de emitir som, pode ser utilizada para contato, pois não machuca os animais. É recomendada em todas as etapas do manejo pré-abate.

DICA
COMO PRODUZIR UM CHOCALHO DE GARRAFA PET

  1. Esvazie uma garrafa pet, preferencialmente de 1,5 ou 2L.
  2. Coloque grãos de milho ou outro material que faça barulho ao ser agitado.
  3. Feche a garrafa.
  4. Utilize o chocalho para produzir barulho e auxiliar na movimentação dos animais.

1234 REMOS

Os remos podem ser comprados ou então produzidos a partir da adaptação dos chocalhos de garrafa pet ao se colocar uma haste na ponta. Esse material permite que o manejador consiga realizar os estímulos táteis e auditivos a um distância um pouco maior, auxiliando muitas vezes a movimentar um animal que parou de avançar na ponta de um grupo.

33

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO

SACOS PLÁSTICOS OU DE RAÇÃO AMARRADOS

Utilizados para produzir barulho e fazer contato com os animais.

DICA

COMO CONSTRUIR UMA FERRAMENTA COM SACO PLÁSTICO OU DE RAÇÃO

  1. Separe o saco e o barbante.
  2. Enrole uma das extremidades do saco com o barbante.
  3. Após a porção com o barbante ficar bem firme, finalize amarrando-o. Essa parte firme será utilizada para segurar a ferramenta. Nunca utilize esta porção para fazer contato com os animais.

12

3

MACARRÃO DE PISCINA

O macarrão de piscina permite contato com os animais sem causar lesões e tem a vantagem de ser baixo custo de aquisição e muito leve para o manejador utilizar.

34

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO

CORTINAS / LONAS

Ferramenta mais indicada para retirar todos ou apenas alguns animais da baia.

Pode ser confeccionada com lona ou sacos de ração e deve ter 1m de altura para evitar que os animais saltem por cima da mesma. O comprimento adequado é de 3 a 5 metros de comprimento14.

  • Condições de uso – A lona precisa estar íntegra, não pode ter furos ou rasgos. Para ser utilizada eficientemente é necessário que os operadores tenham uma boa comunicação entre si. No máximo duas pessoas devem segurar a lona ao mesmo tempo.
  • Tamanho de grupo – Retire grupos pequenos (4-6 animais) por vez. Quando muitos animais são cercados pela lona é comum um deles tentar (e conseguir) transpassar a lona, fazendo com que outros indivíduos sigam. Será necessário agrupar novamente os animais e eles podem reagir de forma diferente a barreira da lona.
  • Posicionamento – Deve estar a todo o momento esticada e em contato com o piso, pois caso os animais percebam falhas na parte inferior ou superior irão tentar transpassá-la. A lona é apenas uma barreira visual e não física como o painel de manejo, assim nunca tente segurar um animal tentando passar pela lona, pois existe o risco de acidente e dano ao material.

X

ERRADO: UTILIZAÇÃO INADEQUADA DA CORTINA: NÚMERO EXCESSIVO DE ANIMAIS E FOLGAS QUE PERMITEM QUE OS SUÍNOS PULEM OU PASSEM POR BAIXO DA MESMA.

CORRETO: UTILIZAÇÃO ADEQUADA DA CORTINA: POUCOS ANIMAIS E LONA SEMPRE ESTENDIDA, FAZENDO PAPEL DE BARREIRA SÓLIDA.

35

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — FERRAMENTAS DE MANEJO

AR COMPRIMIDO

O ar comprimido é uma ferramenta comum em frigoríficos e tem como objetivo produzir um estímulo sonoro. Nunca deve ser utilizado diretamente nos animais, pois pode causar lesões na pele14.

DICA

Ao se utilizar ferramentas de estímulo auditivo, como chocalhos, sacos amarrados, ar comprimido, entre outros, deve-se produzir sons de forma intermitente, pois eles estimulam mais os suínos do que ruídos contínuos15.

ESTÍMULO INTERMITENTE ESTÍMULO CONTÍNUO

Não se deve ter manejos agressivos. É proibido arrastar animais, puxar pelas orelhas ou rabo e tocar em partes sensíveis.

36

6RAMPAS

DE EMBARQUE

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

37

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RAMPAS DE EMBARQUE

ESTRUTURA DA RAMPA

A localização do embarcadouro deve considerar a distância que os animais irão percorrer da baia até a rampa e a facilidade de manobra do caminhão para garantir um bom posicionamento da rampa. Instalações grandes (acima de 500 animais) podem ter um embarcadouro no centro do galpão ou até dois embarcadouros de forma a reduzir a incidência de animais cansados.

1

O ideal é que se construa uma plataforma de embarque da mesma altura do piso inferior do caminhão, eliminando a necessidade de utilizar a rampa com qualquer nível de inclinação nessa porção do veículo. Na BRF,
recomendamos uma altura de plataforma

de 1,25m e uma angulação de 20%, mas podemos observar pequenas variações a campo.

3

2

O comprimento da rampa deverá ser determinado pela elevação necessária para atingir todos os pisos do caminhão sem ultrapassar inclinação máxima de 20o ou 36%.

O sistema de elevação da rampa precisa ser de fácil e rápido manuseio. A rampa não deve balançar ou se movimentar durante a passagem dos animais.

As rampas devem possuir paredes
laterais sólidas e com altura de 90cm de X forma a evitar que os animais sejam
distraídos por movimentos externos. É
necessário cuidado a fim de garantir que
não existam pregos ou saliências que
possam causar lesões nos suínos.

RAMPA METÁLICA ADEQUADA: PAREDES SÓLIDAS, COM ALTURA ADEQUADA E PISO ANTIDERRAPANTE UNIFORME.

RAMPA DE ALVENARIA ADEQUADA: PAREDES SÓLIDAS E COM ALTURA ADEQUADA, PISO ANTIDERRAPANTE.

RAMPA INADEQUADA: (1) PAREDES VAZADAS , (2) ESPAÇAMENTO NÃO, UNIFORME DO PISO ANTIDERRAPANTE, (3) INTERIOR DA PAREDE DESUINFORME O QUE PODE GERAR LESÕES.

38

Foto: Acervo BRF

Foto: Isis Pasian

Foto: Acervo BRF

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RAMPAS DE EMBARQUE ÂNGULO DA RAMPA

A inclinação é dada pela relação entre a elevação vertical e sua distância horizontal correspondente, podendo ser expressa em graus ou em porcentagem (Anderson, 2002).

INCLINAÇÃO EXPRESSA EM ÂNGULO E PORCENTAGEM

Ângulo (°) 60° Porcentagem (%) 9% 18% 27% 36% 47% 58% 70% 84% 100% 119% 143% 173%

A expressão percentual da inclinação é de mais fácil cálculo, por isso é muito utilizada em situações práticas.

INCLINAÇÃO DA RAMPA =

Altura da rampa Comprimento da rampa

X 100

A tabela abaixo apresenta a porcentagem de inclinação a partir da relação entre comprimento e altura da rampa:

COMPRIMENTO DA RAMPA (M)

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

ALTURA DA RAMPA (M)

Os animais apresentam dificuldades de locomoção e tendem a não caminhar em rampas que possuam inclinações acima de 36% ou 20°, representada pela área em vermelho.

Inclinação da rampa

1,8

39

10°

15°

20°

25°

30°

35°

40°

45°

50°

55°

Comprimento da rampa

Altura da rampa

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68%

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17%

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23%

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26%

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RAMPAS DE EMBARQUE

LARGURA DA RAMPA

As rampas devem ser projetadas para comportar dois animais lado a lado simultaneamente, uma vez que suínos não se deslocam facilmente quando sozinhos. Para o embarque de animais entre 115 a 130 kg a literatura recomenda entre 0,9 a 1,0m de largura.16,17 Rampas mais largas não trazem benefícios, visto que a largura de entrada no caminhão varia entre 1,0 a 1,1m e acabaria sendo um outro gargalo. Caso haja sobreposição de animais em algum ponto, a rampa deverá ser alargada ou estreitada (Grandin, 2008), lembrando sempre de permitir dois suínos simultaneamente.

PISOS ANTIDERRAPANTES

Em rampas de madeira e metal, a utilização de ripas é adequada para minimizar o risco de escorregões e quedas. No entanto, deve-se ter atenção para que a distância entre as mesmas não seja muito curta ou muito longa, pois o risco de quedas poderá aumentar.

POSIÇÃO IDEAL DAS RIPAS PARA EVITAR ESCORREGÕES E QUEDAS. ADAPTADO DE GRANDIN, 2002.

Em suínos para abate, com peso médio de 120kg, recomenda-se que a distância entre as ripas seja de 20cm com altura e largura de 2,5cm cada.

2,5 X 2,5 CM

20 CM

20 CM
POSIÇÃO IDEAL DAS RIPAS PARA EVITAR ESCORREGÕES E QUEDAS. ADAPTADO DE GRANDIN, 2002.

ESPAÇAMENTO ERRADO: ESPAÇAMENTO CORRETO: As ripas estão muito distantes,

ESPAÇAMENTO ERRADO:

As ripas estão muito próximas
e o casco do animal escorrega sobre as mesmas. X

O casco se encaixa entre as ripas. o que pode ocasionar escorregões e quedas. X

40

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RAMPAS DE EMBARQUE

6,5 CM

25 CM
RAMPA EM CONCRETO COM DEGRAUS. ADAPTADO DE GRANDIN, 2008.

Em construções de embarcadouros de alvenaria, recomenda-se a utilização de degraus conforme figura ao lado. Já foi demonstrado que os animais demonstram preferência por rampas com degraus, pois são mais fáceis de andar quando o piso se torna sujo e escorregadio.

CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DA RAMPA

Não deve haver espaço entre a rampa e o caminhão, pois os animais podem cair no vão e sofrer lesões.

Para isso, deve-se sempre observar se o caminhão está estacionado corretamente e se a rampa não apresenta algum desgaste que possa dificultar o encaixe preciso entre as partes.

XX

EXEMPLOS DE MAU POSICIONAMENTO ENTRE RAMPA E CAMINHÃO.

MARAVALHA SOBRE RAMPA X

DEVE-SE COLOCAR UMA CAMADA DE MARAVALHA OU SERRAGEM SOBRE A RAMPA CASO A MESMA FIQUE ESCORREGADIA COM O EXCESSO DE UMIDADE PROVENIENTE DAS FEZES E URINA.

FIQUE ATENTO AO ESTADO DE MANUTENÇÃO DA RAMPA. PREGOS MAL COLOCADOS, LASCAS DE MADEIRA E BURACOS PODEM MACHUCAR OS ANIMAIS.

41

7ANIMAIS

CANSADOS

Isis Pasian, Rosemary Vidor e José Peloso

42

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

DEFINIÇÃO

Os animais cansados apresentam sinais fisiológicos de estresse e acidose metabólica18,22.

Sintomas:

  • Recusa ao movimento: O suíno diminui o seu ritmo de caminhada e pode tentar parar. Em um estágio mais avançado pode sentar no corredor.
  • Respiração ofegante: a utilização dos músculos abdominais e a respiração através da boca são indícios de grande esforço.
  • Vocalização anormal
  • Tremores musculares

• Vasos dilatados e descoloração da pele:

regiões avermelhadas e roxas na pele, especialmente no pernil.

PARÂMETROS FISIOLÓGICOS

Quando um suíno é submetido a exercícios intensos há um aumento da temperatura retal, concentração de lactato, frequência cardíaca e respiratória além de redução do pH sanguíneo, caracterizando um quadro de acidose metabólica19.

PARÂMETROS FISIOLÓGICOS ALTERADOS POR EXERCÍCIO INTENSO

• Temperatura
• Ácido láctico
• Batimentos cardíacos

Aumento • Respirações por minuto

Diminuição

  • pH
  • Bicarbonato (sistema tampão)

O fornecimento de oxigênio aos tecidos musculares dos suínos se torna insuficiente rapidamente, levando ao metabolismo anaeróbico, o qual gera calor e lactato19. Uma vez que a concentração de lactato ultrapassa a capacidade do sistema tampão do bicarbonato manter o pH fisiológico, há uma acidificação do sangue20. Assim se estabelece o quadro de acidose metabólica, característico de animais cansados18.

43

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

COMO
UM ANIMAL SE TORNA CANSADO

Um animal saudável pode se tornar cansado caso seja continuamente estressado em um curto período de tempo, como ocorre em situações de carregamento de animais para o abate27.

Animal normal

ESTRESSE

Respiração através da boca Descoloração da pele Recusa ao movimento

ESTRESSE

Vocalização anormal Tremores musculares Colapso = Cansado

ESTRESSE Morte

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MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

COMO EVITAR O APARECIMENTO DE ANIMAIS CANSADOS

Impedir que os animais corram

  • Muitas vezes quando os animais são retirados da baia e chegam ao corredor eles começam a correr. Como o suíno apresenta um grande volume muscular e não é submetido atividades físicas, o esforço realizado pelo animal ao correr ao longo do corredor de um galpão pode ser fatal.

    X

  • O que fazer: diminuir a sensação de um corredor infinito quando o animal sai da baia, colocando alguma barreira em alguma parte do corredor ou levar os animais em pequenos grupos sempre com uma pessoa na frente e outra atrás.

    Movimentar os animais em um ritmo calmo

  • Se os suínos estiverem andando não faça os mesmos correrem. Faça contato com os animais apenas quando eles pararem. Deve ser permitido que os animais se movimentem em seu próprio ritmo para evitar amontoamentos. Não se deve fazer um animal empurrar os outros que estão na frente causando o bloqueio. Caso um determinado animal pare ao longo do percurso deve-se trabalhar diretamente com ele.
  • Em um estudo, observou-se que um manejo agressivo, com ritmo rápido e uso excessivo do bastão elétrico em um percurso de 300m levou a uma taxa de 20% de animais cansados25. No mesmo estudo, com o manejo gentil, não foi observado nenhum animal cansado. Isso mostra a importância do manejo na prevenção de animais cansados.

45

Foto: Elanco Pig Academy

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

Embarcar os suínos nos horários mais frescos do dia

Os suínos não conseguem perder calor através da transpiração, pois não possuem glândulas sudoríparas desenvolvidas e distribuídas pelo corpo. Além disso, as linhagens modernas possuem escassa cobertura de pelos, tornando-as muito sensíveis aos efeitos da radiação solar26.

Características anatômicas dos suínos que os tornam mais sensíveis ao estresse pelo calor.

• Pele clara e baixa cobertura de pelos

• Ausência de glândulas

• •

Assim deve-se procurar embarcar e transportar os animais em horários mais frescos, de forma a não sobrecarregar o sistema cardiorrespiratório dos mesmos.

Buscar contato com setor de logística para fazer um planejamento de embarque na melhor hora possível.

Direcionar os animais para o piso inferior ou superior do caminhão de acordo com a distância percorrida até chegar à rampa

• Como é possível perceber, os suínos tem uma dificuldade grande de percorrer longas distâncias. Assim uma sugestão para diminuir a incidência de animais cansados provenientes de barracões muito longos é carregar os animais que percorrem distâncias maiores no piso inferior do caminhão e os que caminham menos, no piso superior. Isso evitará o grande esforço de se vencer uma rampa inclinada por um animal que já sofreu o estresse de percorrer uma longa distância.

sudoríparas

  • Gordura subcutânea espessa
  • Pulmões pequenos em proporção ao

corpo

46

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

O QUE FAZER QUANDO UM SUÍNO SE TORNA CANSADO?

  • Retire o animal do grupo e deixe-o isolado em um local tranquilo e fresco. Caso o suíno não consiga se locomover sozinho deve-se colocá-lo em um carrinho ou maca e levá-lo para a área adequada.
  • Procure deixar esse animal descansando o máximo de tempo possível e embarque o mesmo no último caminhão, no piso inferior e na baia da carroceria mais próxima da saída.
  • Não deixe o suíno cansado no corredor de embarque: isso fará com que ele seja pisoteado por outros animais e também irá diminuir a velocidade do carregamento, já que se tornará uma distração no percurso.
  • Não jogue água diretamente no animal, apenas molhe a área ao redor do mesmo.
  • É proíbida a prática de cortar a ponta da orelha de animais cansados. Esse procedimento não ajuda na recuperação e ainda aumenta o estresse do animal.
  • Caso seja colocado animal cansado ou morto nos caminhões a compania pode ser penalizada e o produtor pode ser advertido.

    MOVIMENTANDO UM SUÍNO CANSADO OU MACHUCADO

    Animais cansados ou machucados devem ser movimentados com o uso de equipamento adequado ao tamanho, idade e condição do animal. Devem ser feitos esforços para não agravar e/ou causar lesão ao animal.

    É estritamente proibido içar e/ou arrastar animais vivos, eles devem ser transportados com a ajuda de equipamentos específicos.

    Pode-se utilizar uma tábua, maca ou um carrinho para levar um animal cansado de um local a outro.

    Não é permitido posicionar os animais na maca ou carrinho puxando por orelhas e rabo. O posicionamento em uma maca ou tábua requer duas pessoas para gentilmente rolar o animal sobre ela. Os manipuladores devem segurar/empurrar no flanco e nas patas do suíno. O pé do manipulador não deve ser usado de forma alguma para mover ou empurrar o animal.

    Para animais ao redor de 130kg, um dos modelos de maca recomendados na literatura tem as dimensões de 1,9m x 0,9m. 29

47

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — ANIMAIS CANSADOS

Esquema de maca adaptado de Akin EE et al., 2020

ANIMAIS CANSADOS SE RECUPERAM?

  • Os parâmetros de temperatura corporal, ácido láctico e pH sanguíneo de animais com manejo agressivo retornam aos valores normais basais após 2 horas de descanso21,23.
  • Em um estudo de Ritter (2006) foram monitorados 25 suínos que ser tornaram cansados durante o carregamento. Após 3 horas de transporte, 18 animais (72%) estavam normais no descarregamento24.
  • Esses dados sugerem que, a grande maioria dos animais cansados irão se recuperar, se os agentes estressores forem removidos e se os animais tiverem um período para descanso de 2 a 3 horas.

1.9 m

48

0,9 m

8RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO

NO FRIGORÍFICO

Isis Pasian

49

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO NO FRIGORÍFICO

INTRODUÇÃO

Uma boa qualidade da carne depende do bom manejo do produtor e do frigorífico. Naturalmente o período que antecede o abate é estressante aos animais, pois há uma demanda física alta em todos os deslocamentos realizados e a inserção dos suínos em contextos nunca antes vivenciados.

As condições em uma planta frigorífica são desconhecidas para os suínos. Os ruídos, cheiros, iluminação, textura do piso, uso de aspersores, são diferentes de tudo que os animais experienciaram anteriormente. Assim sempre que os animais tiverem oportunidade, seja em rampas, corredores ou baias, os suínos irão parar e investigar o ambiente. Os manejadores precisam estar conscientes dessas particularidades e adequar sua conduta. É necessário um equilíbrio entre a necessidade de suprir a linha de abate em um ritmo constante e entregar animais que produzam carne suína de qualidade.

DEFINIÇÕES DE PERDAS

Definições de perdas que são registradas no frigorífico:

  • Morto no transporte (DOA – Dead on Arrival): animal que foi embarcado com vida, mas chegou ao frigorífico morto, indicando que sua morte ocorreu durante o período de transporte.
  • Morto na pocilga (DIY – Dead in yard): Animal que foi desembarcado do caminhão com vida, mas que morreu antes de chegar ao local de insensibilização.
  • Cansado ou injuriado: um animal incapaz de se movimentar por estar cansado ou com alguma lesão.

50

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO NO FRIGORÍFICO

ÁREA DE ESPERA DE CAMINHÕES

Os animais devem ser desembarcados assim que chegarem à unidade de abate, sob responsabilidade da equipe do abate.

Quando o desembarque não ocorrer de forma imediata, o veículo deve permanecer em local com telhado e proteção lateral adequada contra raios solares e chuva. Devem ser desembarcados preferencialmente no tempo máximo de 1 hora.

X

Devem ser mantidos controles de horários de entrada na planta, início e fim do desembarque para cada caminhão.

Paradas mais longas na linha de abate podem causar um acúmulo de caminhões a serem descarregados por falta de espaço nas pocilgas de descanso. Deve existir um plano de contingência de forma a direcionar caminhões para outras plantas ou então parar o embarque de animais no campo caso ocorra esse tipo de intercorrência.

Seguir os horários de embarque no campo auxilia a ter um fluxo de desembarque adequado. Quando os embarques são realizados antecipadamente há um risco maior de acúmulo de caminhões no pátio à espera do desembarque. Caso exista constantemente elevada lotação de caminhões na área de espera ou além do limite da área de espera, o departamento de logística deve ser informado da situação para as devidas correções.

Sempre que possível descarregue os caminhões na ordem de chegada.

51

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO NO FRIGORÍFICO

ESTRUTURA DA ÁREA DE DESEMBARQUE

A área de desembarque deve ser coberta, protegendo animais e manejadores de raios solares e chuva. É importante considerar as características dos caminhões utilizados no planejamento do desembarcadouro para que o acoplamento da rampa no caminhão seja feito de forma precisa e rápida.

Deve possuir rampa móvel metálica, antiderrapante, para o desembarque de suínos, de forma que permita a movimentação do nível do piso até as diversas alturas das carrocerias dos transportes (MAPA – Portaria No 1.304/2018)30.

A inclinação máxima recomendada da rampa é de 20o, de forma a prevenir escorregões e quedas.

X

PORTA DA DIVISÓRIA DO CAMINHÃO IMPEDIDA ÁREA DE DESEMBARQUE ADEQUADA – COBERTA DE ABRIR COMPLETAMENTE DEVIDO A PLATAFORMA. E COM PLATAFORMA PARA OS MANEJADORES

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Foto: Isis Pasian

Foto: Acervo BRF

DICA

Ter a extremidade da rampa emborrachada pode auxiliar a um melhor encaixe. Outra opção é ter uma porção móvel na extremidade da rampa, que permita um encaixe mais adequado ao caminhão, ajustando sempre a cada desembarque.

RAMPA COM PORÇÃO MÓVEL PARA MELHOR ENCAIXE AO CAMINHÃO

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PROCESSO DE DESEMBARQUE

Animais Normais / Saudáveis

  1. Posicionar o caminhão na rampa. Na BRF a recomendação é de iniciar o descarregamento pelo piso inferior.
  2. Se necessário, realizar o ajuste fino da altura da rampa com o caminhão.
  1. Verificar se não existem frestas entre o piso do caminhão que será desembarcado e a rampa – is so pode fazer os animais caírem ou até prenderem as patas levando a graves lesões.

    EXEMPLO DE MAU POSICIONAMENTO DE RAMPA E CAMINHÃO.

  2. Fechar as laterais das rampas que ficam em contato com o veículo.

    ENCAIXE INADEQUADO NA LATERAL DA RAMPA, PODENDO OCASIONAR QUEDAS E LESÕES.

X X

  1. Nunca abrir as portas de desembarque antes da rampa estar corretamente encaixada.
  2. Iniciar a abertura das portas das baias do caminhão pelas mais próximas a rampa. Utilizar o ar comprimido visando retirar os animais aos poucos e com calma. Conforme os animais saem pode-se gradativamente abrir as demais divisórias, mantendo sempre o controle da saída dos animais.
  3. Nunca faça com que os animais mais distantes da saída empurrem os demais. Isso causa estresse, poderá gerar diversas lesões e não é a forma mais rápida de retirar

    X

  4. Os animais devem caminhar na rampa. Se correrem, caírem ou escorregarem significa que algo está errado e deve ser investigado.
  5. Durante o desembarque nenhuma pessoa deve permanecer na rampa móvel, pois isso assusta os animais, tornando-se relutantes de sair. Quando finalmente desembarcam eles buscarão correr para longe da pessoa, aumentando a chance de quedas e lesões.

os animais do caminhão.

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1,25m

Foto: Isis Pasian

Foto: Rosemary Vidor

1.9 m

Foto: Acervo BRF

MANUAL DE MANEJO PRÉ-ABATE — RECEBIMENTO, DESEMBARQUE E CONDUÇÃO NO FRIGORÍFICO Manejo de animais
com dificuldades de locomoção

Animais que apresentam doenças, ferimentos graves, fraturas, contusões ou estejam incapacitados de se moverem, devem ser desembarcados separadamente com auxílio de maca e quando necessário, devem ser atordoados no local e entrão conduzidos por carrinho para a realização de sangria. É estritamente proibido arrastar ou içar animais vivos para fora do caminhão.

Os animais injuriados, fatigados, doentes, ou suspeitos devem ser colocados em baias de sequestro separadas e mantidos até a avaliação do responsável pelo SIF. A baia de sequestro deve proporcionar um ambiente confortável, disponibilidade de água e baixa densidade para proporcionar mais chances de recuperação. Para tanto, os manejadores da área de descanso devem estar sempre alerta aos animais alojados neste local. Se por algum motivo, algum deles piorar, deve-se realizar o procedimento de emergência tão logo quanto possível evitando o sofrimento do animal.

Considerando que um suíno de terminação ao redor de 130kg tem aproximadamente 145cm de comprimento,31 recomenda-se que os carrinhos ou macas tenham pelo menos 160cm para poder transportar adequadamente esses animais. Instrumentos mais curtos podem levar a quedas durante o deslocamento do animal, gerando sofrimento ao animal e atrasos no manejo.

ANIMAL SENDO TRANSPORTADO POR MEIO DE PRANCHA.

EXEMPLO DE CARRINHO DE TRANSPORTE.

Espaço
que suíno fica fora
do carrinho

X

ESQUEMA DE MACA ADAPTADO DE AKIN EE ET AL., 2020

EXEMPLO DE CARRINHO DE TRANSPORTE MUITO CURTO

0,9 m
MACA PARA LOCOMOÇÃO DE ANIMAIS MORTOS OU CANSADOS.

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Manejo de animais
que chegam mortos ao frigorífico

Confirmar entre duas pessoas que o animal está morto / não respondente a estímulos.

Quando possível, desembarcar todos os animais vivos do caminhão antes de proceder a retirada do suíno morto.

Algumas plantas possuem um sistema de guindaste que permite içar o animal morto até a porta do caminhão, em outras a remoção deve ser feita manualmente com uso de pranchas. Não devem ser usados ganchos ou materiais que penetrem na pele do animal morto.

Após a retirada do caminhão o animal deve ser encaminhado com ajuda de um carrinho ao local adequado.

CONDUÇÃO PARA BAIAS DE DESCANSO

Leve grupos pequenos em cada vez. Como os corredores de cada instalação podem ter diferentes larguras considere como tamanho adequado aquele que permita você sempre ter contato direto com o primeiro animal do grupo.

Utilize as ferramentas de manejo adequadas, conforme descrito no capítulo 5 desse material.

Os corredores devem ser largos e com paredes laterais fechadas e altas, evitando distrações com outros suínos já alocados em baias de descanso, movimentação de pessoas e equipamentos.

Observe se existe algum ponto do percurso que os animais sempre param e investigue o motivo. Muitas vezes uma correção simples torna o manejo diário muito mais fácil.

USO DE TÁBUA DE MANEJO EM FRIGORÍFICO.

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Foto: Isis Pasian

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BAIAS DE DESCANSO

Objetivo das baias de descanso é proporcionar recuperação do estresse proveniente das etapas anteriores (embarque, transporte e desembarque), permitindo uma melhor qualidade da carne32 e facilitando o manejo da próxima etapa (condução para a insensibilização).

As baias de descanso devem favorecer a perda de calor pelos animais, visto que os suínos apresentam dificuldades em eliminar calor e nosso país apresentar temperaturas elevadas em boa parte do ano. As baias devem ser protegidas com telhado, evitar a incidência de sol direto nos animais, disponibilizar água e apresentar sistema de aspersão com reservatório de água protegido do sol.

Deve-se ter especial atenção ao fornecimento constante de água aos animais, observando a posição dos bebedouros e a vazão de água disponível (2 litros/min).

ANIMAIS SEM ACESSO A BEBEDOUROS E COM INCIDÊNCIA SOLAR DIRETA.

X

Quando os suínos chegam às baias de descanso, tendem a se deitar e descansar do estresse físico causado pelas etapas anteriores. Após um período de 2 a 4 horas, os animais começam a dar sinais de recuperação e a interagir com os demais do grupo. Ao entrar em contato com animais desconhecidos ocorrem brigas para o estabelecimento de uma nova hierarquia social.

Assim, quando os grupos são expostos a longos período nas baias de descanso, aumenta o risco de se comprometer o bem-estar e a qualidade da carne.33

XX

LESÕES CAUSADAS POR BRIGAS DURANTE O PERÍODO DE DESCANSO EM FRIGORÍFICO.

A utilização da aspersão com água nas baias de descanso tem como objetivo minimizar o estresse por calor, já que promove diminuição da temperatura corporal, tensão cardiovascular e acalma os suínos. Outro objetivo é promover o umedecimento da pele, o que auxilia na condução da corrente elétrica durante a insensibilização.

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Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

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A aplicação da aspersão deve levar em conta as condições ambientais e o monitoramento do comportamento dos suínos nas baias:

  • Em temperaturas abaixo de 10°C não é recomendada, pois acentua a perda de calor, promovendo hipotermia nos animais.
  • Quando a umidade relativa do ar está acima de 80% e temperaturas elevadas a técnica de aspersão prejudica a redução da temperatura corporal, levando os suínos a desconforto e até risco de morte.
  • O comportamento dos animais também permite inferir sobre a sensação térmica no momento: suínos com frio deitam próximos uns dos outros ou amontoados para reduzir a perda de calor. Já quando sentem calor o grupo tende a permanecer o mais espalhado possível e podem respirar com boca aberta.

BAIAS RECEBENDO ASPERSÃO

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Foto: Acervo BRF

Foto: Isis Pasian

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CONDUÇÃO DAS BAIAS DE ESPERA PARA A INSENSIBILIZAÇÃO

A condução dos suínos das baias de descanso para a insensibilização deve ser efetuado com cuidado e calma pela equipe do frigorífico, pois essa última etapa pode anular os benefí- cios obtidos no descanso pré-abate na qualidade da carne ou até piorar as condições dessa matéria prima que está entrando na linha de abate.

No entanto, geralmente a condução até o restrainer ou boxe de contenção, é mais difícil para os animais e manejadores que a condução do desembarque para a baia de descanso. Isso ocorre porque é exigido nessa etapa final que os suínos sejam ordenados em fila indiana, comportamento que não é natural a essa espécie. Além disso, existe a preocupação dos manejadores em manter o fluxo constante de suínos até a área de insensibilização.

Dicas para facilitar o manejo nessa etapa:

  • Verifique se a iluminação do piso do corredor e no restrainer está uniforme para evitar distrações e paradas. Poças d’águas com reflexos também podem ser pontos impor- tantes de distração. O corredor final, por ser mais estreito, muitas vezes é mais escuro que o trajeto percorrido pelos animais até o momento e pode dificultar o manejo quando correções não são realizadas.
  • Retire os suínos das baias de descanso apenas quando for efetivamente o momento desse grupo ser insensibilizado. Não é permitindo “adiantar o processo” em horários de intervalo ou paradas da linha. Suínos no corredor não tem espaçamento adequado e nem fornecimento de água, gerando prejuízos ao bem estar.
  • Evite ao máximo pontos de parada ao longo do percurso. O fluxo de suínos deve ser constante e o tempo que eles ficam no restrainer deve ser o menor possível. É essencial que haja sincronia entre os operadores da insensibilização e os manejadores abaste- cendo o restrainer.

EXEMPLO DE CORREDOR QUE LEVA AO RESTRAINER X COM ALTO CONTRASTE DE LUMINOSIDADE

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Foto: Isis Pasian

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USO DO BASTÃO ELÉTRICO

O uso do bastão elétrico apenas deve ser considerado como último recurso, e somente quando todas as outras ferramentas de manejo (painel, chocalho, ar comprimido) não forem eficazes para movimentação dos animais, exclusivamente nas áreas em que se exige fila indiana (entrada do corredor final e no restrainer).

Regras para o uso do bastão elétrico – exclusivamente quando necessário:

  1. Quando aplicado, a duração do choque elétrico deve ser de no máximo 1 segundo e apenas nos membros. O choque elétrico não deve ser utilizado repetidamente se o animal não reagir.
  2. É proibida a aplicação de choque elétrico nas partes sensíveis dos animais (olhos, focinho, nariz, orelha, genitais, ânus).
  3. O choque só pode ser aplicado quando houver espaço livre para a movimentação dos suínos.
  4. O bastão deve ter voltagem ajustada em 18 volts.
  5. Em relação ao uso de choque elétrico em sistemas de atordoamento:
    1. Plantas que possuem sistema de atordoamento elétrico: o bastão elétrico pode ser usado em no máximo 25% dos animais (1 a cada 4).
    2. Plantas que possuem sistema de atordoamento a gás: plantas em que a condução é feita de forma coletiva é estritamente proibido o uso de bastão elétrico. Já em plantas em que a condução ocorre em fila indiana, o bastão elétrico deve ser usado em no máximo 25% dos animais (1 a cada 4).

USO INADEQUADO DE BASTÃO ELÉTRICO EM ANIMAIS QUE NÃO TINHAM ESPAÇO X PARA SE MOVIMENTAR, PROVOCANDO MONTAS E LESÕES NAS CARCAÇAS.

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Foto: Isis Pasian

Foto: Isis Pasian

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TREINAMENTO DE PESSOAS

Capacitar pessoas para o manejo com os animais é o fator de maior impacto positivo para o bem-estar em frigoríficos. Ao fornecer aos manejadores informações, recursos e procedimentos adequados para esse serviço há uma consequente mudança de conduta, gerando bebefícios aos animais e influenciando positivamente a qualidade da carne.

Quando valorizamos o trabalho dessas pessoas elas transferem aos animais por meio de suas condutas, o mesmo acréscimo de atenção e cuidado. Essa é uma mudança verdadeira que pode ser atingida através de um processo efetivo de treinamento.

Durante a etapa de difusão de conhecimentos, ao fornecer informações sobre os suínos, é necessária a modificação na forma de perceber os animais pelos colaboradores, não apenas como um produto de valor comercial, mas também como seres sencientes, ou seja, com capacidade de sofrer, sentir dor, prazer, satisfação. Essa modificação de conceito em relação aos animais é fundamental para a mudança de atitude na execução do trabalho dos manejadores.

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Health and Production 20, 118-122.

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