Carmem Sant’Anna
Posição Existencial em Análise Transacional é um conceito que descreve a forma como a pessoa percebe a si, os outros e como ela se mostra na relação.
Esse conceito é desenvolvido muito cedo na vida de cada ser humano a partir de mensagens parentais e tipos predominantes de toques que recebeu quando criança, quando ainda não tinha recursos de maturidade cognitiva e emocional adequada para esta tarefa.
Como tais decisões permanecem ao longo da vida, todas as pessoas adultas mantêm, em seu repertório comportamental, estas distorções da realidade, de si mesmas e das demais pessoas, que constituem as Posições Existenciais.
As Posições Existenciais podem ser identificadas na linguagem cotidiana por meio de frases e declarações que a pessoa usa para descrever-se, aos outros e ao mundo.
Às vezes manifestando ares de superioridade outras vezes ares de inferioridade, tais como: “sou o máximo”; “comigo ninguém pode”; “sou importante”; ou “sou estúpido”; “não faço nada certo”; “não mereço confiança”.
Ou por vezes declarações endereçadas às demais pessoas: “não dá para confiar em ninguém”; “todos são maus”; “todo mundo é maravilhoso”; “os outros são mais inteligentes do que eu”; “a vida não vale nada”; “não posso esperar nada de ninguém”; “ninguém merece confiança”.
Para facilitar sua identificação, Berne (1988, p. 81-3) considerando as polaridades EU/Outro e OK/Não OK, estabeleceu quatro posições existenciais possíveis, baseadas nas convicções que as pessoas adotam a respeito de si e dos outros.
O estudo das Posições Existenciais constitui um instrumento importante para o diagnóstico, análise e previsão de prováveis comportamentos e formas de atuar das pessoas quando em posição de liderança. (Krausz, 1999, p.91)
A partir de quatro estilos básicos de liderança podemos identificar tipos de relacionamentos possíveis entre líder e liderados e o tipo de clima que geram.
“EU ESTOU OK, VOCÊ ESTÁ OK” (+/+)
Soluciona problemas de forma cooperativa e participativa, compartilha informações e sucessos, contribui para a integração da equipe. Age com equilíbrio emocional, aberto a discussão de ideias. Escuta e analisa.
Gera no grupo um clima: sadio, transparente, aberto para mudanças e aprendizagem. Respeito às pessoas, desobrigado de posição.
“EU ESTOU OK, VOCÊ ESTÁ NÃO-OK” (+/-)
Caracterizado por pessoas que se consideram superiores aos outros. Centralizador, sonega informações, estimula a competição e a falta de confiança entre os membros do grupo aceita apenas as mudanças que tendem a favorecer a sua posição de mando, nepotista, autoritário, egocêntrico, tem dificuldade em reconhecer a contribuição dos membros do grupo, crítico. Projeta seus erros e falhas nos outros. Exigente com os subordinados, tolerante com os ‘poderosos’ e aliados.
Gera no grupo um clima: tóxico, de insegurança, falta de confiança, fomenta rivalidades, dependência, intrigas e boatos.
“EU ESTOU NÃO-OK, VOCÊ ESTÁ OK”(-/+)
Tende a ser amistoso, preocupado em agradar as pessoas, tem dificuldade em dizer não a solicitações, evita confrontos, tolerante, sensível a pressões, inseguro na tomada de decisões e resolução de problemas, o que ocasiona procrastinação ou impulsividade, confuso, prefere as atividades rotineiras, pode delegar excessivamente e tem dificuldade de lidar com situações de ambiguidade e incerteza.
Gera no grupo um clima: incerteza em função da falta de definições e de tomadas de decisão a tempo, monotonia, falta de clareza com relação a objetivos, resultados e limites de responsabilidade, prevalecem as rotinas.
“EU ESTOU NÃO-OK / VOCÊ ESTÁ NÃO-OK” (-/-)
Excêntrico, imprevisível, alterna passividade e isolamento com agitação, ações desligadas da realidade e sem objetivo definido. Dificuldade de relacionamento. Raramente encontrado em posição de liderança. Indiferente.
Gera no grupo um clima: Depressivo, negativista, pouco interesse ou iniciativa, indiferente.
Conhecer o tema Posições Existenciais dá subsídios para que a pessoa perceba como comportamentos inconscientes impactam nas relações que estabelece com sua família, amigos e o exercício da liderança.
A boa notícia é que a partir do autoconhecimento e o conhecimento do outro pode fazer escolhas pessoais para atualizar comportamentos que contribuem para desenvolver relacionamentos que convidem as pessoas e grupos a se relacionarem construtivamente.
Para saber mais sobre este conceito e sobre a Análise Transacional aplicada às organizações recomendamos o Curso Introdutório à Análise Transacional o AT-101. Nesse curso os principais conceitos da Análise Transacional são apresentados de maneira dinâmica e prática.
Fonte: KRAUSZ, Rosa R. Trabalhabilidade. São Paulo: Nobel, 1999.