“Ouvir explicação”, “Aula de slides” e “Aula expositiva”…
Essas foram as principais respostas que a Fabrizia da SK coletou em uma pesquisa informal com alunos de cursos corporativos e da pós-graduação sobre a maior dificuldade que eles têm na hora da aula. (online e presencial)
No Pocket Training do dia 10 de Março foram partilhadas algumas experiências e ideias que aprendemos em mais de 20 anos de caminhada com a Andragogia, sobre “deixar o aluno aprender”, e as principais técnicas para fazer isso.
Foi um micro treinamento muito rico, pois os participantes contribuiriam com suas percepções e apresentamos na prática o que estamos propondo com as técnicas fundamentadas na teoria da Andragogia.
Trabalhar no sentido de criar um ambiente na sala de aula com liberdade responsável para autoaprendizagem, é para nós da SK a maior aventura da vida, e gostamos de fazer isso, sem fazer explicação, mas de forma divertida.
Envolver os estudantes na sua própria aventura de descoberta para aplicar os aprendizados em sua vida e no futuro, num mundo em mudança é muito inspirador. (C. Rogers)
De maneira simplificada, vamos deixar aqui as 5 principais ferramentas da Andragogia apresentadas no Pocket Training que mais utilizamos no dia a dia. Cada uma delas será mais aprofundada em outros artigos do nosso blog.
#1 CONTRATO DE APRENDIZAGEM
#2 PRINCÍPIOS DA ANDRAGOGIA
#3 ELEMENTOS DA ANDRAGOGIA
#4 ESTILOS DE APRENDIZAGEM
#5 CAV – CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL
#1 Contrato de Aprendizagem
É a principal ferramenta para iniciar a relação com os alunos adultos de forma adulta. É uma conversa de alinhamento muito franca sobre o que se espera daquela relação de aprendizagem e sobre o que cada parte vai fazer para levar o que veio buscar daquele momento. Para fazer o Contrato de Aprendizagem existem três etapas específicas:
a. Inclusão – É uma etapa na vida de todo grupo (Schutz. W) e permite aos participantes sentirem-se pertencentes ao grupo que agora integram, a partir daquele momento de aprendizagem. Ao privilegiar essa etapa o facilitador acolhe os participantes e os prepara para o que vem a seguir.
b. Levantamento de Expectativas – É a etapa na qual perguntamos aos alunos o que eles esperam levar daquela aula ou curso. É necessário que todos tenham claro o que vieram buscar ali e tornem isso explícito.
c. Definição das Reponsabilidades – É a etapa final onde os combinados efetivos do Contrato acontecem e o grupo é convidado a refletir sobre o que vai permitir e o que vai coibir naquela experiência de aprendizagem. Nesse tipo de ação o foco e a responsabilidade são partilhadas entre facilitador e aluno.
#2 Princípios da Andragogia
São seis os Princípios criados por M. Knowles e todos eles estão organicamente interligados. Ou seja ao atender um princípio o facilitador também começa a atender o outro, porém ao ignorar um princípio também ignora o outro. Cada princípio também tem uma pergunta inconsciente e subjacente que “fica na cabeça” do aluno e precisa ser respondida para que o princípio seja atendido.
Quando conseguimos construir uma experiência de aprendizagem que responda a essas perguntas inconscientes os alunos adultos costumam ter uma percepção muito positiva da aprendizagem, engajamento e fixação do conhecimento. Veja cada princípio e as perguntas e identifique se você mesmo já se percebeu fazendo algum desses questionamentos durante uma aula ou curso.
Principio 1 – Necessidade de Saber – Pergunta: Porque você está me ensinado isso?
Princípio 2 – Autoconceito do Aprendiz – Pergunta: Como devo me conduzir em sala de aula?
Princípio 3 – Papel da Experiência – Pergunta: O quê devo fazer com tudo o que já sei?
Princípio 4 – Prontidão para Aprender – Pergunta: Por que preciso desse conhecimento neste momento da minha vida?
Princípio 5 – Orientação para Aprendizagem – Pergunta: Esse conhecimento vai me ajudar a lidar com qual problema?
Princípio 6 – Motivação – Pergunta: Como esse aprendizado vai tornar minha vida melhor? Qual satisfação esse conhecimento vai me trazer?
#3 Elementos da Andragogia
1 Preparar o Aluno
2 Clima
3 Planejamento
4 Diagnóstico das Necessidades
5 Definição dos Objetivos
6 Desenhos dos Planos de Aprendizagem
7 Atividades de Aprendizagem
8 Avaliação
Algo que pode parecer desafiador para implantar soluções de aprendizagem no modelo da Andragogia é o fato de que muitos desses Elementos possuem grande flexibilidade, mudando conforme as necessidades dos alunos adultos durante a própria aula. Assim, as Atividades de Aprendizagem podem sofrer transformação frente ao Diagnóstico das Necessidades diversas vezes num mesmo curso, se isso for necessário para continuar a atender o Princípio 1 Necessidade do Saber.
O que há de mais rico na Andragogia como resposta para fugir das aulas meramente expositivas é que não se trata apenas de uma técnica, mas de uma nova conduta do facilitador, fundamentada numa ampla teoria com vários recursos para oferecer múltiplos caminhos de aprendizado para o aluno.
#4 Estilos de Aprendizagem
Será que todo mundo aprende do mesmo jeito? David Allen Kolb identificou 4 Estilos diferentes de aprendizagem e criou um Inventário para ajudar a identificar esses estilos. Sem dúvida, já percebemos que alguns preferem esse ou aquele professor, e esse ou aquele tipo de aula.
Os Quatro Estilos: Acomodador, Convergente, Assimilador, Divergente.

O desafio ao conhecer os quatro estilos de aprendizagem é construir uma aula que contemple ao máximo e com equilíbrio os quatro estilos. Isso é possível? Com técnica e prática sim. É válido conhecer seu próprio estilo e lembrar que nossa tendência será ensinar em nosso estilo preferencial, sendo importante conhecer o funcionamento dos demais estilos.
#5 CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial
Esse também é um conceito criado por D. Kolb a partir da observação da aprendizagem em grupos e é a base para se extrair o aprendizado completo de qualquer atividade, jogo, vivência, “dinâmica” ou “brincadeira” que se aplique com adultos. Os adultos tem uma profunda necessidade de se autodirigir ao aprender e também de se sentirem respeitados e nunca infantilizados.
O Ciclo de Aprendizagem Vivencial mostra as etapas pelas quais um aprendizado vivencial passa até fazer sentido e ser apreendido pelo aluno adulto. Esse é um dos conteúdos mais importantes abordados em nossa Formação de Facilitadores com Andragogia, pois envolve o desenvolvimento de bastante habilidade, além de compreensão teórica dos fenômenos de grupo.
O facilitador pode desenvolver habilidade de escolher estímulos vivenciais adequados para seu conteúdo e para seu público e fazer as melhores perguntas para cada etapa, ajudando o grupo a identificar seus sentimentos e percepções e caminhar para a próxima etapa, de modo a contextualizar seu aprendizado, fazer a aplicação da teoria e por fim entender como aplicar aquele conhecimento em sua própria realidade prática.

Essas são, de maneira bem simplificada, as principais ferramentas da Andragogia para auxiliar os professor ou facilitador a sair da posição de expositor ou explicador de conteúdos para um parceiro do aluno adulto na aventura da aprendizagem. Se você ficou curioso e deseja se aprofundar venha fazer o curso com a gente.
REFERÊNCIAS:
KOLB, David Allen. Psicologia organizacional: uma abordagem vivencial. São Paulo: Atlas, 1978.
KNOWLES, Malcolm. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
ROGERS, Carl. Liberdade de Aprender em nossa década. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
SCHUTZ, Will. Profunda simplicidade. São Paulo: Ágora, 1989.